PRIMEIRA VOLTA NO BRASIL Resultado do calor: o coração disparava para zona 4 constantemente. 21 minutos no vermelho é muito tempo para essa altura do treinamento. Resultado: dor, pouca velocidade e exaustão em uma corrida na verdade curta.


Hoje, domingo 27 de março, fiz a minha primeira volta de treino no Brasil. Saí de Alphaville, atravessei a zona residencial da região e segui até Santana de Parnaíba e depois estrada de Romeiros quase até Pirapora de Bom Jesus. Não cheguei até lá porque quando fiz 25kms, ví que não teria água suficiente para o retorno se continuasse por mais tempo. Foi a decisão mais sábia do dia. Talvez a única.

Saí do hotel às 9 da manhã e já estava muito quente. Acho que por volta de 35 graus. E a coisa só esquentou. Temperatura máxima de 43. Estava MUITO quente. Esqueci de começar a gravar o log desde a saída e só lembrei na hora de dar meia volta e retornar. Mas dá prá ver que por boa parte do trajeto, a temperatura passava dos 40 e por uns bons quilômetros, ficou nos 43 graus.

Estava tão quente e o sol tão forte que dava prá sentir o short (preto) esquentando. E também vale salientar que eu não tinha protetor solar, o que ajuda a proteger. Acho que por causa do calor, o coração estava disparando sempre para acima dos 174bpm.


Pelo lado positivo, o caminho é bem legal. Basicamente sobe e desce o tempo todo. As subidas são todas por volta de 2 ou 3 kms, com inclinação entre 6, 8 e 10%. Há algumas com 13% e a maior de todas com 19%, que quase me matou. Em algumas partes, o asfalto está quebrado e cheio de areia e cascalho. Mas no final não é tão mal assim se você tomar cuidado.


Um dos medos, acho que de todos que pensam em pedalar pela primeira vez em São paulo, é o trânsito. Mas isso foi uma agradável surpresa. Os motoristas não pegam pesado. Não me senti "espremido" nem inseguro. Até me senti mais seguro do que pedalando em Natal. Parte do caminho, pedalei com um pequeno grupo que me alcançou. Pessoal simpático e bons ciclistas. Seguindo eles aprendi a me posicionar na estrada para que os motoristas me vejam e saíbam o que fazer.


No geral, uma das voltas mais duras dos últimos tempos. Um completo oposto da volta que fizemos exatamente um mês atrás na Holanda. Do frio extremo ao calor insurportável... Vida de ciclista.

SINUCA

Decidi colocar esse post que não tem nada a ver com ciclismo porque tem a ver com competição. E também como se conhecer um pouquinho mais. O "causo" acabou de acontecer e foi assim: no departamento de Vendas há uma mesa de sinuca, com bolas lisas ou marcadas e a famosa bola preta. O povo organizou lá um campeonato e logo se formou a lista dos favoritos e dos "nem a pau". Como eu sou um jogador mediano (que não liga muito se perde ou ganha) eu estava na cabeceira da segunda lista. Ganhei algumas partidas por sorte e outras por boas tacadas nas horas cruciais. Inclusive tirando o segundo favorito nas oitavas de final. Acabei passando por todas até chegar na semi-final que foi hoje.

Era uma melhor de três partidas jogando contra o principal favorito do compeonato. Tinham uns 20 caras na sala de sinuca tirando onda comigo. E eu tinha ido lá já com aquela de: nem pensa que dessa você não passa. Acontece que eu também criei a teoria do anti-jogo. Se você é ruim e está jogando contra um cara bom, você não pode abrir espaço pro cara deslanchar. Então eu comecei a primeira partida com uma abertura tão fraca que só duas bolas saíram do centro. Ganhei a primeira partida limpa e aí comecei a ver o segundo lado do lance. O cara era favorito e tava todo mundo tirando onda comigo. Ele ganhou a segunda partida facinho porque ele abriu o jogo. Bola prá todo lado e mesa limpa prá ele.

Dei sorte na moeda e fiquei de abrir o jogo na terceira e decisiva partida. E aí vi que a onda que os caras estavam tirando não estava fazendo efeito em mim, mas sim no outro cara. Aí eu comecei a tirar mais onda ainda e todos seguiram. Fiquei dizendo como é que pode George estar demorando tanto tempo prá ganhar? Coisa e tal. Comecei a contar a cada 3 minutos, dizendo "George, como é que pode, 20 minutos e eu ainda estou jogando!". O "favorito" ficou tão nervoso que começou a fazer merda.

Mas mesmo assim ele limpou a mesa e para ele só restava a bola preta. Eu tinha 3 bolas na mesa e a preta. E era a minha vez porque ele cometeu um erro. Aí eu me acalmei e meti duas das bolas. A sala ficou silenciosa. A penúltima bola era uma diagonal longa. A branca de um lado da mesa e a outra do outro lado num ângulo meio inviesado. Eu olhei pro cara que era o segundo favorito que eu tinha batido e disse: Essa é prá você, Stuart. Um tipo de Deja vu. Detonei a bola com uma tacada daquelas fortes e aí era só a preta. Não dava prá escutar nem respiração na sala. A preta estava no meio da segunda metade da mesa. A branca quase reta. Eu tinha duas opções: tentar um tiro enviesado para a caçapa do meio ou uma tabela para a caçapa do outro lado. E tinha que "chamar" a caçapa. Decidi pelo enviesado e coloquei a preta com uma das tacadas mais leves e lentas que já fiz.

A sala veio abaixo. Ninguém acredita até agora. Nem eu. Mas o que importa é: estou na final. Vou provavelmente ser liquidado, mas minha estratégia e abilidade de ler o ambiente na hora do jogo já me colocou aqui. Duas coisas que aprendi: algumas vezes o que os outros pensam deles mesmo é uma arma sua. E, quando chega no momento crítico, pare de brincar e vá para o "kill". Agora só tenho que pensar como posso usar isso na minha vida profissional e nas corridas de bicicleta.
PERNAS QUEIMANDO

Ontem foi dia de Mountainbike com o pessoal do trabalho. 1 hora e 20 kms de puro sofrimento. Estava sem potência nenhuma e as pernas estavam queimando com qualquer esforço e o coração disparando para os 180bpm muito fácil. Acho que peguei pesado durante a semana. Pricipalmente os agachamentos na terça-feira com 60 kilos e não ter tomado nenhum líquido de recuperação depois deixou muito ácido lático nas pernas.
Bem, sobrevivi e consegui participar do sprint final. Hoje dia de descanso. Queria ir ao ginásio para uma sessão na bicicleta de spinning mas decidi relaxar hoje.
Agora é começar a se preparar para a viagem ao Brasil...
A SEMANA ATÉ AGORA
Semana boa de treinamento. Domingo, corrida de 70 kms em duas horas e 40 minutos. O tempo estava de sol mas bem frio e com vento. Foi uma corrida com outros quatro colegas e foi bastante puxada. 55% do tempo em zona 1 e 2, 27% em zona 3 e 4 e 14% em zona 5. Velocidade média de 25 com pico de 38kms/h. Boa para essa época do ano. De qualquer forma ficou aparente a falta de explosão quando o grupo fez alguns sprints. Senti um pouco as costas mas não demasiado. Acho que o treino no ginásio está começando a fazer efeito.
Na segunda: ginásio. Ritmo cardíaco em repouso: 70bpm. Fiz 15 minutos de corrida leve mantendo o coração no máximo de 130bpm. Depois squats frontal (26kgs) e com peso nas costas (50kgs). Depois deadlift com 25kgs e sessão de alongamento para as costas e abdominais (alguns movimentos de pilates). Aumentei o peso de 40 para 50 kgs no agachamento com peso nas costas e me senti forte, completando as quatro séries de 7 sem problemas. Me sinto bem forte e sem risco de ficar gripado. Acho que o remédio para alergia está funcionando (ou é placebo e está funcionando também).
Terça-feira: bicicleta de spinnig. Treinamento de tempo. 10 minutos aquecimento, 6 jumps de 30 segundos em pé com recuperação de um minuto. Depois 6 séries com 75 rpm alternando cada perna sem descanço. Seguido de 6 jumps sentados de 20 segundos. No final, série de alongamento e abdominais (pilates). Bom treino.
Amanhã, descanso e na quinta-feira corrida de mountain bike com o time do trabalho. Como o tempo vai estar bom já sei que vai ser um treino bem forte...
NÃO ESQUECE A MINHA CALOI

Engraçado como as coisas são. Tava olhando o site da Caloi e me toquei de que, devido ao velho slogan eu fiz um amigo no meio de uma corrida em um lugar que é ícone para ciclistas em todo o mundo: o Mont Ventoux, na França.
Durante a L'etape du Tour de 2009, fazendo a subida do Ventoux, estava passando por um cara usando uma camisa da Caloi. Naquele ano eu não tinha visto muitos brasileiros na corrida e querendo tirar a mente do esforço da subida quis falar com ele. E automaticamente me saiu da boca: "ei, não esquece a minha Caloi".
O cara riu e começamos a conversar. Acabamos, à duras penas, fazendo a subida juntos. Ano passado, por outra coincidência o vejo durante a corrida e acabo de entrar em contato com ele. Estou indo prá São Paulo e estamos organizando de fazer uns treinos juntos. Talvez se ele não tivesse com a camisa da Caloi eu não tivesse falado com ele e não tivesse feito mais um amigo.

Minhas Bicicletas

MINHAS BICICLETAS PARTE 1

Meu primeiro fascínio com bicicletas de corrida foi vendo um filme do James Bond. Meu pai adorava o 007 e eu assistia com ele a todos os filmes. Tem um que eles saem com umas Road bikes (ou speed, dependendo em que continente você estiver) e desciam uma montanha. Até hoje eu lembro que as bicicletas eram azuis com os cabos de freio brancos. Daquela que o passador de marcha é no quatro ainda. Eu era muito pequeno mas ficou a memória e acho que sempre que via alguém com uma bicicleta de corrida ficava maravilhado.
Mas a vida segue e como criança nascida em 73 e que os pais não tinham nenhuma aspiração muito esportista, passei pela série de bicicletas obrigatórias: caloi berlineta, cruiser, etc. Tive as minhas bicicletas pela vida até chegar finalmente a uma verdadeira roda bike. Aqui vai a lista que me fez muito feliz durante a vida toda e também muita raiva algumas vezes.

CALOI BERLINETA

Minha primeira bicicleta. Acho que tinha uns seis anos de idade. Ela era verde meio metálico. Lembro que o guidon chegava à altura do meu rosto e que as rodinhas traseiras estavam tão mal colocadas que a bicicleta ficava torta. Numa das primeiras vezes que meu pai foi tentar me ensinar a pedalar lá na avenida do contorno (que ia de nada a cois nenhuma). Lembro da dor nas costas porque eu ficava todo torto. Mas acho que surtiu o efeito desejado. Desisti das rodinhas rapidamente e aprendi a pedalar sem elas. Naquela época o mundo era dividido entre quem tinha Berlinetta e quem tinha Monark monareta, que era mais pesada mas tinha o guidon parecido com as Harley Davidson dos filmes. Era mais cara e quem tinha era mais a galera da grana. A berlinetta tinha o guidon reto, preso diretamente no quadro com duas porcas grande, mas era mais leve, com freio melhor e sempre ganhava na corrida e pulando rampa. Empinava muito melhor que a monareta, eheeh
Fiquei com essa bicicleta até os meus 13 ou 14 anos. Ela já estava pequena para mim ao ponto de eu acabar me cortando nas malditas porcas que seguravam o guidon no quadro. Minhas pernas já eram grandes demais e ainda hoje tenho duas cicatrizes nos joelho esquerdo... Mas era época de super inflação e com outros 3 irmãos para ganhar bicicletas a coisa era assim mesmo. Andei muito com ela e conheci grande parte dos bairros ao redor da minha casa.

CALOI CRUISER

Quando a coisa começou a ficar ridícula e as meninas já faziam piada de mim eu fiz pressão e meu pai decidiu (depois de muita reclamação) me dar uma bicicleta nova. A escolhida, depois de muita pesquisa, foi uma caloi cruiser vermelha. Ela ganhou logo o nome de camelo, principalmente depois que troquei o guidon original por um de bmx. Era um gigante para mim, mas corria muito bem quando ganhava embalo. Com ela, ganhei mais terreno. Conheci toda a zona central da minha cidade e já dava pra ir até a praia! A gente ia prá praia jogar bola a uns 10 quilômetros da minha casa. O camelo só não subia ladeira muito bem porque eu tinha trocado a catraca original por uma de 13 dentes (a minha ainda não tinha passador de marcha). Mas no plano ninguém ganhava.

MONARK BMX PANTERA

Na mesma época meu irmão ganhou uma BMX. O quadro era da Monark pantera, mas todo o resto era importado em alumínio (meu pai conseguiu uma promoção com alguém!). Desde o guidon, rodas e seat post. Eu convenci ele a colocar uma catraca de 12 dentes e a bicicleta voava. Ela era tão leve e baixinha que era difícil alguém ganhar qualquer corrida dela. Manobrava bem, corria bem e voava nas rampas. Era um sonho. Prá desespero do meu irmão, eu acabei saindo muito mais com a bicicleta dele do que com a minha. Adorava apostar corrida na avenida ao lado da minha casa. Adorava pegar tanta velocidade (acho que chegava perto dos 50 kms/h nas arrancadas) que deixava os motoristas preocupados e a garotada gritando de excitação. Isso até o dia em que, instigado pela garotada, tentei quebrar o recorde de velocidade (que era julgado pela meninada no olho). Perdi o controle da bicicleta no auge da velocidade e cai de rosto no asfalto. A queda foi feita, cheguei a desmaiar duas vezes e acabei no hospital com 15 pontos em diversas partes do rosto (incluindo rosto e joelhos) e queimaduras no resto. Por sorte (ou por todo o treinamento de judô por anos), não quebrei nenhum osso.

CALOI 10

Com a queda, cheguei a conclusão de que o que eu gostava mesmo era de velocidade. Mas com medo de perder o controle de novo desisti na BMX e consegui trocar a cruiser por uma Caloi 10 marchas da cor vinho. A bicicleta era muito boa, estável e com ela comecei a fazer viagens mais longas no fim de semana. Mas era uma bicicleta solitária. Não dava para andar com os amigos do bairro, que ainda buscavam ruas esburacadas, etc. Também nessa época comecei a sair mais com os amigos da escola. Com 15 anos comecei a beber e sair para festas mais adultas e o lado lúdico da bicicleta perdeu-se. Acabei vendendo a bicicleta por uma mixaria e com os pneus secos pelo desuso. Pelo menos quem comprou usou a bicicleta diariamente para cobrir uma distância de 30 quilômetros. Daí foram uns 10 anos sem sentar em outra bicicleta. 10 anos de engorda, bebida e péssimos hábitos alimentares. Os 10 anos em que terminei a universidade e comecei a trabalhar.

No post seguinte entro na fase das bicicletas realmente de corrida. Vem aí lembranças sobre a monark 10 marchas, uma empella e as roads “de verdade”: Ridley e Giant. No site da Caloi (www.caloi.com.br) e da Monark (www.monark.com.br) dá prá ver a história das empresas, fotos das bicicletas e inclusive algumas propagandas da época.