ETAPE DU TOUR - A CORRIDA (PORTUGUÊS)

POSANDO PARA FOTO DEPOIS DO ÚLTIMO TREINO.

Esta foi minha quarta participação e a melhor até hoje. Eu fiz uma corrida muito boa para o meu nível e terminei exatamente em 6 horas e 15 minutos. Subi o Gallibier em 1h45m horas e o Alpe D'Huez em 1h35m. É claro que envolveu bastate sofrimento mas desta vez eu aproveitei a corrida inteira e nada fora do normal aconteceu, como é suposto ser numa boa corrida.


PREPARAÇÃO - O dia da corrida começou na verdade na tarde do dia anterior com a preparação da bicicleta: colocar número de corredor, limpar e lubrificar a corrente e catraca e checar a pressão dos pneus. É um momento legal porque todo mundo está trabalhando nas bikes juntos e há uma sensação de tensão no ar. Há também um senso de camaradagem e todos estão abertos a responder perguntas e ajudar os outros como forma de estar pronto como um verdadeiro time.

AJUDANDO UM COLEGA A PREPARAR A BIKE E DEPOIS COLOCANDO ELAS NO TRAILER.

As preparações continuam depois do jantar que foi exatamente na esquina onde a subida do Telegraph começa. De volta ao hotel agora é vez de preparar o kit: colocar o número de corredor na camisa, colocar a comida nos bolsos da camisa (gels, powerbars, pílula de magnesium e rapadura). Também preparar as garrafas com energy drinks e todo o resto: capacete, óculos escuros, short, meias, sapatos, protetor solar, etc. tudo tem qu estar pronto para garantir que você não vai perder muito tempo na manhã seguinte. o dia vai começar bem cedo.

O DIA - A manhã do dia de corrida começa na verdade no meio da noite. Às 4 horas da manhã o alarme dispara e todo mundo no quarto começa a se preparar. Eu estava divindo o quarto com outros 3 caras, o que é bom porque fez com que a experiência fosse muito mais divertida. Daí é café-da-manhã e correr para o ônibus que saia para a largada às 5:15. A gente tinha que estar em Modane às 6:00 para tirar as bicicletas do trailer e chegar no local de partida antes que ficasse muito cheio. Esse ano eu fiquei no gate com dois colegas: Martin e Richard. Fiz a maior parte da corrida com Richard, que é mais ou menos do meu nível, até a gente perder contato no topo do Gallibier.



EU E RICHARD ANTES DA CORRIDA COMEÇAR. BOA COMPANHIA NAS SUBIDAS.

A largada aconteceu às 7:00 mas o nosso gate só foi aberto às 7:20. E dalí foi uma largada muito rápida até o Telegraph. Como era uma descida, a gente conseguiu descer por volta dos 60 kms/h. Um cara muito grande com uma roupa vermelha estava puxando o pelotão até o começo da montanha e dalí em diante foi cada um no seu próprio ritmo. Eu comecei a subida bem leve já que queria guardar energia para a montanha seguinte: o Gallibier. A mais dura do dia. A subida do Telegraph tem 9 quilômetros e eu não deixei meu coração disparar em nenhum momento. Poucas vezes subiu de 165 bpm. A estrada é OK mas nada especial.

Basicamente é uma estrada com árvores dos dois lados, então não há nada para ver. Mas quando, às 8:30, a gente atingiu o topo a recompensa foi uma vista espetacular do vale e montanhas da região. Um dos momentos mais bonitos do dia. Fizemos uma descida muito rápida e fria até o pé do Gallibier, quando a brincadeira ia começar de verdade..

GALLIBIER - O começo da subida do Gallibier é gentil. Entre 3 e 4% de inclinação e isso deixa você dar uma olhada ao redor, ver o que está acontecendo, perceber os detalhes. Nesse ponto vi algumas coisas interessantes. Um cara com uma perna só, uma com a foto da esposa/namorada no quadro da bicicleta para motivação, outro usando uma bicicleta antiga de aço da Conago. A bicicleta estava toda restaurada e era linda. A única coisa que não era original eram as marchas.

Daí em diante começava a subida mais dura do dia. Gallibier é muito cansativa não só por causa da inclinação, mas também pelo impacto psicológico ela tem nos ciclistas. Você faz uma curva e a inclinação vai para os 10%. Suas pernas começam a queimar e você olha prá cima para ver quanto tempo tem que aguentar. E ai você vê outros 2 ou 3 quilometros daquilo. Psicologicamente isso acaba com qualquer um. Você acha que não vai acabar nunca. Mas a gente continuou, controlando o ritmo cardíaco, bebendo e comendo para manter sua mente em funcionamento. E é aí que o Gallibier também lhe ajuda. É a montanha mais bonita que eu já subi de bike. É rodeada por outras montanhas com neve no topo, grandes gramados floridos e o tempo excelente ajuda muito. É tão bonito e o ar e luz tão claros que você esquece por um momento a dor e segue pedalando. Essa foi a subida que eu mais gostei até hoje nos meus 4 anos de ciclismo.


COMEÇO DA SUBIDA DO TELEGRAPH. ENGARRAFAMENTO NÃO ACONTECEU.

Um quilômetro para o topo da montanha, a organização colocou uma van com comida e bebida e uma sacola extra que a gente preparou com coisas pessoais. Eu mudei minhas garrafas, comi um energy gel e bebi meio litro de água de uma vez e saímos de novo. Esse último push para o topo é o difícil da montanha, mas a parada estratégica ajudou muito e fizemos muito rápido. Depois do topo Richard seguiu direto e eu tive que parar para fechar a camisa que estava toda aberta por causa do calor. Eu sofro muito mais com o calor. Mas isso foi o suficiente para me perder dele pelo resto do dia. Também a polícia nos parou por uns 5 minutos para que uma ambulância passasse, devido a um acidente. Claro que ficamos mais foribundos do que caranguejo em fundo de lata.... A descida é a mais longa e mais bonita que eu já fiz. São 22 quilômetros de descida, com um começo técnico, mas depois se torna um verdadeiro roller coster com retas longas e curvas abertas. Muito divertido e eu me senti seguro todo o tempo até a gente chegar na área dos túneis. Eles foram a parte que me deu medo de acidente. Eles eram muito escuros, mesmo você baixando os óculos escuros para a ponta do naris. Em dois pontos fiquei realmente com medo de cair mas tudo correu bem e eu cheguei no pé do Alpe D'Huez mais ou menos às 12:00.
PINTURA NO ALPE D'HUEZ FEITA POR COLEGA DO TRABALHO PARA COMEMORAR O DIA.

ALPE D'HUEZ - A subida da montanha holandesa foi como esperado. Difícil, quente e não perdoa se você não estiver preparado. Todo mundo olha o perfil da montanha e pensa que só os 3 primeiros quilômetros são difíceis. Engano. E felizmente ter subido essa montanha nas minhas férias do ano passado me deixou de sobreaviso. Depois dos famosos 3 quilômetros com 10% de inclinação, há grandes partes de 7%, mas também há outros pontos com 11 e até 13%. A média de inclinação por quilômetro é baixa devido às curvas de 180 graus (hairpins) que são 50 metros e planas. Mas nessas curvas eu aproveitei para relaxar alguns segundos mesmo que sem parar de pedalar.

Eu só parei um vez para encher minhas garrafas de água numa estação de reabastecimento à 5 kms do topo. Enchi minha garrafa de um litro duas vezes, joguei na cabeça e literalmente tomei um banho, antes de continuar. Nesse momento estava tão quente que o resto do caminho eu joguei água na nuca e pernas a tempos regulares para não super-aquecer. Em determinado momento eu ia olhar no computador da bike quantos graus estava, mas desisti. Melhor não saber para não desanimar. Depois vi que eram 39 graus e chegou mais tarde aos 42 graus. Nesse ponto eu reconheci onde estava e só faltavam dois grandes pedaços de estrada para chegar na parte mais fácil da subida. Eu decidi então fazer o último esforço e cheguei ao começo da parte fácil, onde os últimos 2,5 quilômetros ficam nos 4% de inclinação. Para minha surpresa as pernas responderam bem e eu segui puxando 30 kms/h. eu terminei o último km rápido e os últimos 500 metros num sprint. A melhor chegada de corrida de todos os tempos para mim. Fiquei muito feliz.

Apesar de não ter fotos do dia da corrida já que não trouxe minha câmera (muito pesada para levar em corrida) eu fiz um apanhado das melhores fotos que tiramos nos dias que estivemos na França. Clique AQUI para vê-las.

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